Com mais de 15 anos de experiência no rádio e uma carreira marcada pela paixão pela comunicação, Yago Roppa fala sobre os desafios da profissão, o impacto da velocidade no fazer jornalístico, a necessidade de se reinventar e os reflexos da precarização.
Formado pela Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC), Yago é tecnólogo em Marketing, pós-graduado em Comunicação Empresarial e Marketing Digital pela UNICESUMAR e possui MBA em Gestão Empresarial. Atualmente, cursa MBA em Gestão de Pessoas pela Faculdade Focus de Cascavel-PR.
A entrevista é conduzida por Raíssa Xavier, acadêmica da oitava fase de Jornalismo da UNIPLAC, que investigou como as pressões por produtividade e resultados afetam o equilíbrio emocional e a qualidade do trabalho dos profissionais da área, teoria que será aplicada no Trabalho de Conclusão do Curso (TCC).
“A velocidade será sempre um grande desafio”
“Todo trabalho jornalístico requer checagem, e é impossível analisar um bom material sem atenção aos dados. A velocidade será sempre um grande desafio, especialmente no rádio, na TV e nas plataformas digitais, onde tudo é instantâneo”, explica Yago.
Segundo ele, a qualidade da informação depende do tempo dedicado à apuração:
“Quando não há tempo para planejar a pauta, entrevistar e estruturar a matéria, o resultado é uma informação comprometida. A notícia precisa de dedicação para ter credibilidade.”
Alta demanda, pouco tempo
A rotina acelerada das redações, para Yago, é um obstáculo à essência do jornalismo:
“Sem tempo para elaborar uma boa pauta e realizar entrevistas consistentes, perde-se a essência da notícia. O lead, o quê, quando, onde, como e por quê — é o DNA do jornalismo. Sem ele, a informação se torna rasa.”
O poder do engajamento
Yago reconhece que as métricas digitais influenciam o trabalho jornalístico:
“No ambiente digital, engajamento é sinônimo de relevância. Assim como uma revista escolhe a capa com cuidado, o jornalista precisa entender que curtidas, cliques e compartilhamentos também são indicadores de interesse público.”
Mas ele faz um alerta:
“O problema é quando a busca por engajamento substitui o compromisso com a verdade. É preciso equilíbrio.”
Rapidez x Precisão
“Quem trabalha com hard news sabe que a rapidez é essencial. Publica-se o básico e atualiza-se conforme os fatos se desenrolam. Não se trata de especulação, mas de acompanhar o evento em tempo real”, afirma.
Para Yago, agilidade e informação caminham juntas, mas a precisão total vem com o tempo e o acompanhamento contínuo dos fatos.
“Sem valorização, o jornalismo perde sua função social”
A precarização, segundo o jornalista, enfraquece o propósito da profissão:
“Quando faltam tempo, recursos e valorização, o resultado é um jornalismo sem propósito. A credibilidade depende da estrutura e do respeito à apuração.”
Autonomia e identidade editorial
Atuando como apresentador em uma emissora de rádio, Yago explica que a autonomia do jornalista está na compreensão da linha editorial:
“Trabalho com entretenimento. Não cabe noticiar tragédias. A autonomia está em entender o meio em que se atua e respeitar sua identidade.”
Pressão e bem-estar
Yago fala abertamente sobre os efeitos emocionais da profissão:
“O jornalista é um gerador de opinião. Isso exige muita energia e interpretação. A pressão pode gerar burnout, porque estamos sempre lendo pessoas, contextos e emoções.”
Ele complementa:
“Mesmo cansado, preciso demonstrar alegria no ar. Aprendi a enxergar isso como missão. Claro que há estresse, mas o propósito ajuda a manter o equilíbrio.”
Instabilidade e reinvenção
“O jornalismo, infelizmente, ainda é mal remunerado. Quem quer estabilidade precisa empreender. O profissional que se reinventa encontra caminhos como assessoria, produção de conteúdo e portais independentes. O futuro é do jornalista empreendedor.”
Entre vida e profissão
Yago define sua vida como um triângulo:
“No topo está a família, em um vértice a profissão e no outro, o hobby. Esses três pilares mantêm o equilíbrio. O hobby é o momento de desconexão e reconstrução. Sem ele, o jornalista se perde.”
A era digital e o desafio da IA
“O mundo digital impôs novas regras. Quem aceita trabalhar nele precisa compreender seus termos. E quem aceita a desvalorização, valida o sistema.”
Yago acredita que a chegada da inteligência artificial é um divisor de águas:
“Já existem repórteres virtuais. Isso é um sinal de que precisamos nos reinventar e aprender a usar as ferramentas, não temê-las.”
O tempo como antídoto
“A principal mudança necessária é dar tempo à notícia. Sem tempo, não há apuração, nem qualidade, nem credibilidade.”
Yago conclui com uma reflexão que resume sua visão de mundo:
“Dentro da notícia, somos coadjuvantes. Fora dela, somos seres humanos e precisamos de equilíbrio para continuar contando as histórias que movem o mundo.”
Entrevistado: Yago Vinicius de Liz Roppa — Jornalista, apresentador e especialista em comunicação e gestão. Entrevista por: Raíssa Xavier, acadêmica da oitava fase de Jornalismo da Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC).












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